– Valentina, quem é aquele gatinho ali? – Sabrina chamou a atenção da amiga apontando discretamente para um rapaz muito bonito.
– É o Guilherme. Ele é filho de um primo do meu pai.
– Me apresenta!
Valentina revirou os olhos. Depois do que aconteceu, a última coisa que ela queria era ser cupido de alguém.
– Oh, Valentina! Eu preciso conhecer novos garotos pra esquecer o E… – a amiga interrompeu a fala.
– Edu! Pode falar, Sah! Eu sei da sua paixão por ele…
– Então! Você precisa me ajudar conhecer novos gatinhos!
Valentina cedeu à pressão da amiga e apresentou Guilherme a Sabrina e os dois logo se afastaram da mesa para conversar.
Valentina então acabou ficando sozinha com Léo na mesa.
– E você, Léo? Quer que eu te apresente alguma garota?
– Não, eu tô bem… – ele riu sem jeito.
Como Valentina já estava com algumas doses de vodca na cabeça, ela ousou perguntar:
– E algum garoto?
Pergunta que fez Leonardo ficar completamente envergonhado. Então, ele falou tentando disfarçar o embaraço:
– Garoto? Tá doida, Valentina?
– Será que eu tô doida mesmo, Léo? – olhou para o amigo, que fico uem silêncio. – Ah, Léo, relaxa, cara! Vai ter vergonha de mim? Todo mundo sabe que você é gay, pô! Sai desse armário, porque senão um dia você morre sem ar!
– Como assim todo mundo sabe? Nem eu tenho certeza! – questionou o rapaz.
– A galera toda desconfia… Primeiro: você nunca fica com as garotas. Segundo: já vimos você olhando pra alguns carinhas com um olhar diferente e tal…
Ele ficou apenas calado e um pouco constrangido. Então, Valentina continuou a falar:
– Bom, se você tem receio da galera, pode ficar tranquilo. Eles são de boa. Mas se não for isso, se o problema tá em você mesmo se aceitar… Cara, você precisa resolver isso logo, porque é a melhor coisa que você faz pra você mesmo.
– É… Eu preciso resolver isso comigo mesmo de uma vez por todas! – Léo falou quase inaudível e baixou a cabeça.
Valentina pôs a mão em seu ombro e falou sinceramente:
– Pode contar comigo, Léo. Eu tenho esse jeitão assim, mas saiba que eu tô aqui pro que você precisar, tá?
O amigo até se surpreendeu com o gesto terno da amiga. Não era comum de ver.
Depois dessa conversa, o amigo implorou para Valentina dar um passeio pela festa. Estava cansado de ficar sentado. Ela acabou cedendo aos apelos dele. Quando se levantou, Valentina ficou um pouco tonta e falou rindo e enlaçando o braço no do amigo:
– Me segura, Léo. Acho que tô um pouco bêbada.
O amigo a segurou e caminharam entre os convidados. Avistaram Sabrina aos beijos com Guilherme. Valentina queria ir até lá, mas Léo a impediu para não atrapalhar o encontro da amiga.
– Espero, pelo menos, que ela finalmente esqueça o idiota do Eduardo! – Valentina falou.
– É bom mesmo, viu! – Léo confirmou.
Depois, passaram por Amanda e João Pedro que estavam dançando juntos. Valentina olhou para eles e fez uma careta de nojo, o que fez o amigo perguntar:
– E essa careta, garota?
– Nada não!
Eles gargalhavam, enquanto caminhavam. De vez em quando, até tropeçavam e riam ainda mais. Agnelo viu a filha e o amigo de longe e, preocupado, comentou com a esposa:
– Acho que Valentina bebeu demais.
– Calma, Agnelo. Não diga nada, por enquanto. Você sabe que basta falar alguma coisa pra ela fazer o oposto. Não queremos escândalo.
A esposa tinha razão. Então, eles voltaram a conversar com os amigos.
– Valentina, vamos atrás de comer alguma coisa doce. Precisamos de açúcar! – Léo sugeriu.
Eles passaram por um grupo de pessoas e um olhar percorreu todo o corpo de Valentina com desejo. “Nossa! Essa garota é fascinante!”
Léo e Valentina acharam os doces e comeram vários. Nessa hora, o celular de Léo tocou e era o irmão avisando que já iria buscá-lo. Então, ele quis ir falar com Sabrina para saber se ela iria pegar carona com ele. A amiga avisou que iria ficar mais tempo e daria um jeito de ir para casa.
Instantes depois, Léo foi embora, deixando Valentina sozinha na festa. Ela então ficou sentada à mesa bebendo água – pois a vodca havia embrulhado seu estômago – para depois subir para seu quarto. Para ela, aquela festa já deu o que tinha que dar. Se não fosse Léo para fazê-la rir um pouco, o aniversário do pai teria sido horrível.
De repente, a pessoa, cujo olhar percorreu Valentina sedentamente, sentou na cadeira ao lado dela e falou com uma voz sussurrada, beirando a sensualidade:
– Oi, Valentina!
– Oi… – a garota falou sem olhar para a pessoa.
– O que uma moça tão linda faz aqui sentada sozinha?
– Meus amigos me abandonaram… – Valentina falou com a voz um pouco alterada e deu um grande gole na água.
– Que maldade dos seus amigos… Eu jamais abandonaria você se fosse minha amiga… – a pessoa falou com uma voz sedutora e deu um sorriso no canto da boca.
Então, Valentina, que ainda não tinha visto a pessoa que falava com ela, fitou-a por alguns segundos.
– Você é? – Valentina perguntou tentando lembrar o nome.
O rosto daquela pessoa não era desconhecido, mas não se lembrava de onde a conhecia e nem o nome dela.
– Suzana! Amiga da Júlia. Estive aqui outro dia, lembra? No chá…
– Ah! Suzana… Amiga da Júlia… Lembro sim! – Valentina falou balançando a cabeça afirmativamente a cada frase que pronunciou.
Suzana era uma linda mulher de quarenta anos. Tinha os cabelos loiros, olhos castanhos, corpo benfeito e era alta. Ela era casada desde os vinte e cinco anos com um rico empresário do ramo alimentício, vinte anos mais velho do que ela. Nunca quis ter filhos. Era uma daquelas mulheres que levavam a vida a gastar o dinheiro do marido em roupas de marca, produtos de beleza, viagens e academia. Além disso, ela escondia um segredo de todos, principalmente do marido: costumava se relacionar com mulheres.
– Você é tão linda quanto sua mãe… – Suzana pegou uma mecha de cabelo de Valentina e pôs atrás de sua orelha.
A garota a olhou surpresa e falou:
– Você conhecia min…
– Você tá aí, meu amor! Tava procurando por você! Vamos embora? – o marido de Suzana interrompeu a pergunta da garota.
– Vamos sim, querido!
Suzana então se levantou, pousou a mão no ombro de Valentina, apertou-o de leve, abaixou a cabeça e sussurrou no ouvido dela:
– Até outro dia, menina linda!
Atônita, a filha de Agnelo ficou observando a amiga de Júlia ir embora sem saber o que pensar sobre a conversa que havia acabado de acontecer ali.
Chegamos ao capítulo 15! O aniversário do pai de Valentina não foi nada fácil pra ela, hein? Primeiro, foi o namorado de Amanda e depois Suzana, a amiga casada de Júlia! Onde será que isso vai chegar? Aguardemos os próximos capítulos, né? Tô amando escrever essa história pra vocês! Espero que estejam curtindo! Beijos da N. Lorak